segunda-feira, 25 de abril de 2011

Costureiras querem formalizar atividade no Dona Marta

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"A informalidade não deixa a gente crescer. Depois de tanta dificuldade, acho que agora vai", diz Lurdes de Jesus, do grupo ‘Costurando Ideais’

Regina Mamede

Rio de Janeiro - Qual é a imagem que melhor traduz o Dona Marta?  “O morro é um bolo e o confeito é tudo que está ao redor. Olha como o Cristo Redentor,  está pertinho”, responde de bate-pronto a costureira Lurdes de Jesus.

Ela tem toda razão. O ateliê do grupo ‘Costurando Ideais’, que fica no alto desta comunidade da zona sul carioca, a 200 metros acima do nível do mar, descortina uma paisagem deslumbrante com direito ainda a vista para a praia de Copacabana e a lagoa Rodrigo de Freitas. Da janela, o grupo tira inspiração para criar.

Os vestidos, blusas e bolsas são coloridos. Aplicações sobre algodão e malha retratam motivos como o Cristo, o sol, as flores tropicais e as casinhas coloridas do morro. A idéia do grupo é fazer uma moda única, que seja conhecida pelo estilo do lugar ‘bem alegre e vibrante’.

Os turistas, a maior parte estrangeiros, que circulam livremente pela comunidade depois da pacificação iniciada em dezembro de 2008, são os maiores clientes. Lurdes conta que no começo do ano uma espanhola chegou ao ateliê e comprou tudo. No começo deste mês, um grupo de americanas, acompanhado pelo cônsul dos Estados Unidos, ficou com boa parte da produção. “Elas apontavam para o que queriam e ficavam falando com entusiasmo. Nem precisava saber a língua delas para entender, né?”, diverte- se

Animados com as novas perspectivas, costureiras e artesãos querem se regularizar. Na própria comunidade, participam da Oficina de Empreendedorismo, curso no Sebrae no Rio de Janeiro, onde aprendem conceitos práticos e teóricos do dia a dia de um negócio como formação de preços, fluxo de caixa, marketing e são orientados sobre o passo a passo para criar uma associação.

“Tudo o que queremos é dar nota fiscal para vender para lojas do asfalto e, quem sabe, para outros estados do Brasil. A informalidade não deixa a gente crescer. Depois de tanta dificuldade, acho que agora vai."

Pacificação

Moradora do morro há 30 anos, Lurdes vira a cabeça para o lado e abaixa os olhos quando é perguntada sobre o passado do lugar. O gesto retrata o medo e a opressão de toda uma comunidade que vivia sob o domínio do tráfico de drogas. Cuidadosa, diz que nunca foi molestada pelos ‘garotos’. Mas, confirma que regras próprias imperavam neste território, onde todo o cuidado era pouco para não ferir os brios de quem andava com um fuzil à tiracolo. Era preciso pedir licença até para entrar e sair do Dona Marta.

“Hoje, quando entregam uma conta por baixo da minha porta, dá até vontade de chorar. Isso significa que tenho um endereço e posso pagar pelo meu consumo. Você não pode saber como isso é importante”.

Mas logo volta a atenção para o ateliê. Cuidadosamente caiado de branco, ela conta que se esmera em decorar o espaço como se fosse uma butique. Quer tudo bonito e limpo ‘porque cliente tem que ser bem tratado’. Ao apontar para as oito máquinas profissionais de costura, Lurdes resume o sentimento desta nova fase. “Aqui, vamos construir um futuro”.

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Fonte: Agência Sebrae

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