segunda-feira, 25 de abril de 2011

Cidade de Deus registra crescimento de formalizações

Notícias

Bairro que já foi símbolo de violência no Rio hoje cresce com ampliação de pequenos negócios e empreendedores individuais

Regina Mamede

Rio de Janeiro - Bandejas cuidadosamente dispostas com diversas opções. A comida caseira oferecida pelo self service do Raul, na Cidade de Deus, atrai cada vez mais fregueses. Limpeza e organização são outras características do estabelecimento, que tem 25 lugares. O proprietário, Raul Guimarães da Rocha Júnior, diz que não dá para descuidar de nenhum detalhe e presta atenção redobrada ao público feminino ‘porque mulheres têm olho clínico e não entram em qualquer lugar para comer’.

Um grupo de estudantes de enfermagem que está fazendo estágio no posto de saúde local confirma esta observação. “A comida é ótima e o lugar muito agradável, mas só agora ando por aqui. Antes, com a violência nem pensar”, resume Juliana Barbosa, moradora da Sulacap, bairro da zona oeste.

A rotina de terror deste bairro ganhou uma enorme visibilidade no Brasil e no mundo, com o filme ‘Cidade de Deus’, do cineasta Fernando Meirelles, lançado há nove anos, que retrata o poder dos traficantes sobre a comunidade local.

Raul não gosta muito de falar do passado e diz que nunca teve problemas com ninguém. Mas acaba reconhecendo que o lugar era mesmo uma fortaleza. Nenhum fornecedor tinha autorização para entrar e, como o restaurante funcionava em frente a uma boca de fumo, o movimento era pequeno e restrito aos moradores.

A Cidade de Deus foi a segunda comunidade a receber uma Unidade de Polícia Pacificadora, em fevereiro de 2009. Com a pacificação, abriu-se o caminho para a integração com a cidade. A parceria da prefeitura com entidades como o Sebrae facilitou a formalização de vários profissionais.

“Como empreendedor individual, pude sair da clandestinidade. Compro de grandes empresas, tenho máquina de cartão de crédito e posso até investir em melhorias, como ar condicionado”, conta Raul.

O movimento do restaurante cresceu mais de 50%, sobretudo por conta dos trabalhadores de empreiteiras. Outro filão se abriu com o fornecimento de quentinhas para os canteiros de obras e moradores. Em dias normais, são cerca de 30, mas chega a 90, dependendo do estágio das construções. Em breve, vai funcionar uma pizzaria como opção noturna.

Com o crescimento do negócio, Raul já deu entrada nos papéis para transformar o negócio em micro empresa, porque como empreendedor individual o faturamento é limitado a R$ 36 mil ao ano, e ele não pode contratar mais de um empregado.

“Hoje me apresento como empresário. Antes, era apenas um trabalhador querendo sobreviver”, avalia.

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Fonte: Agência Sebrae

 

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