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Diário do Grande ABC
Pedro Souza - Do Diário do Grande ABC
Há 20 anos Gerson Gomes sustenta a família com a venda de pipoca. Atualmente, com a ajuda de sua mulher Iraci, o empreendedor mantém quiosque na praça do Centro de Ribeirão Pires. "O movimento aumentou muito desde quando a Prefeitura nos concedeu o direito de vender no quiosque", contou, lembrando que está no local há um ano e meio.
O faturamento do negócio garantiu o sustento da família durante todos os anos de sua existência. "Conseguimos sobreviver", afirmou Gomes. Tanto que o microempresário comemora a condição de vida que deu para as filhas, suficiente para que elas seguissem os próprios passos e se graduassem, uma em administração de empresas e a outra em odontologia.
E todas as conquistas dos Gomes são resultados de boa administração do caixa do negócio. "Sempre anotamos tudo no caderninho. Tudo o que compramos e tudo o que vendemos, para ver se no fim do mês a conta bate", explicou o empreendedor.
A gestão de caixa que a família Gomes faz, anotando tudo, é bem vista pelos especialistas. "Isso é perfeito. Independente de como ele esteja fazendo. É importante. Assim o autônomo, ou microempresário, acostuma com as contas e entende a sua necessidade de gestão de fluxo de caixa", afirmou o analista da unidade do Sebrae do Grande ABC José Roberto Rodriguez Silva.
"O controle do fluxo de caixa é essencial", acrescentou a professora do Programa de Capacitação da Empresa em Desenvolvimento da FIA Dariane Castanheira. Ela explica que o microempresário deve detalhar tudo o que ele vai comprar no mês, prever quanto custará e quanto ele venderá, para se precaver de imprevistos. "E dinheiro da empresa nunca deve ser misturado com o pessoal. É o princípio da entidade", disse Dariane.
Segundo o Conselho Federal de Contabilidade, o princípio da entidade é a diferenciação entre o patrimônio da empresa e os recursos dos proprietários, com objetivo de comprovação da autonomia patrimonial do negócio e melhor administração contábil.
Mesmo sem empresa formada, mas com faturamento mensal à altura de um micronegócio, o taxista de Mauá Leandro Rodrigues Batista afirma que anota tudo o que ganha e gasta em um caderninho. Nos 12 anos que exerce a profissão ele segue a orientação do pai, que também foi motorista de táxi.
Um dos colegas de ponto de Batista conta que a gestão do caixa ajuda muito no orçamento. "E todos nós aqui fazemos, porque sempre passamos aos outros o que dá certo", afirmou o taxista César Salvador.
MORTALIDADE - O analista do Sebrae lembra que em média, no Estado, a cada dez microempresários que abrem, três fecham em um ano e seis em cinco anos. "E a falta de controle do fluxo de caixa contribui para essa mortalidade. A pessoa perde o controle, se endividando, e a dívida fica tão grande que ela deixa a atividade e vai para o mercado de trabalho para conseguir pagar o que deve."
Mapear é primeiro passo para o novo microempresário
Quem deseja dar os primeiros passos como microempresários deve desenvolver planejamento financeiro, orienta a professora do Programa de Capacitação da Empresa em Desenvolvimento da FIA Dariane Castanheira.
É necessário detalhar todas as receitas e despesas da microempresa antes de abri-la para que não ocorram surpresas no desenrolar da atividade. "Deve prever tudo o que vai comprar. Quanto vão custar os produtos que serão vendidos. E estimar tudo que vai vender", explicou Dariane.
A especialista acrescenta todas as despesas com a operação do negócio devem ser incluídas. "Todo os materiais e os processos. Tudo o que vai gastar com vendas, como as contas de telefone e os salários dos funcionários. Também é preciso considerar as contas administrativas, por exemplo os serviços de contabilidade", detalhou.
Orçar os investimentos também é peça chave do planejamento financeiro, garante Dariane. Dentro dessa classe estão bens necessários à microempresa como veículos, computadores e mobília. "Com tudo isso é possível mapear o fluxo de caixa", disse.
Depois de aberto o negócio, Dariane sugere mapear o fluxo de caixa uma vez por mês, para que as análises e decisões sobre a empresa ocorram com mais segurança. "É importante fazer um plano de longo prazo, um controle orçamentário, com prazo mínimo de três anos. Assim é possível acompanhar, amplamente, o que vai acontecendo com a empresa", destacou.
Fonte: Diário do Grande ABC
CFC
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